15 de dezembro de 2010

Me deu vontade de falar de mim…

A mente voa longe ((longe demais até)), abandona o corpo, eu vejo pessoas que não existem, tenho lembranças nítidas demais de situações que nunca aconteceram.

 

Uma pessoa um dia se encantou com essas “capacidades”, mas fugiu de mim pra sempre… eu sinto tudo intensamente. Eu rodo a mil por hora, estouro o carro no muro e morro. Sempre que posso. Eu tenho uma cabeça avoada. Amo ler, mas frequentemente leio “pãnanã, pãnanã” porque me acaba a paciência, daí me sinto culpada e leio tudo outra vez.

 

Eu já queimei um ovo cozido porque estava conversando no skype com uma amiga às duas da manhã e despertei o ódio da família quando a panela explodiu. Eu levo na bolsa o carregador e o fone de ouvido e esqueço o celular no sofá. Eu olho mil vezes uma coisa e esqueço dela no segundo seguinte.

 

Sou um amontoado de pensamentos em constante colisão. E não me sinto amada por ninguém. Nem pai, nem mãe, nem amigos, muito menos namorados. Eu tenho medo de ser vulnerável e luto o tempo todo, mas durmo agarrada num sapo gigante de pelúcia e as vezes eu choro de medo do futuro e de não conseguir satisfazer as minhas vontades.

 

Eu jogo tudo fora, rasgo, pico mesmo… não guardo nada pra depois. Queria poder jogar coisas pela janela e meu maior sonho é quebrar um copo de propósito, pra extravasar a minha ansiedade. Eu sou ansiosa demais. E se não me respondem quando eu chamo, já é logo porque me odeiam.

 

Eu não sou de roer unhas, porque tenho nojo. Tenho nojo de comida de rua… cachorro quente, barraca de espetinho, pastel de feira. Faz muito tempo que não como pastel, a última foi na casa da minha irmã e tive nojo mas aguentei firme. Eu não suporto cheiros fortes. E bebo cerveja meio sem gostar. Gosto e não gosto de muita coisa ao mesmo tempo.

 

Eu tenho saudade de gente com quem briguei irremediavelmente, mas também não faço nada pra resolver. Eu evito situações de conflito porque não acredito que as pessoas possam mudar. Eu não tento mudar ninguém, só a minha filha. E a mim mesma.

 

Acredito que nasci na época errada, olho pras coisas como se tivesse cinquenta anos. Eu morro de saudade do trema. Eu rio o tempo todo de coisas que se passam dentro da minha cabeça. E frequentemente falo sozinha. E isso já me causou constrangimentos. Eu canto alto e gesticulo nas músicas que escuto no celular, andando na rua.

 

Eu já chorei vendo um por do sol bonito. E vi um tucano voando no meu quintal. Já decorei o lugar onde sempre que chove fraco no fim da tarde, nasce um arco-iris. Eu adoro cores e sons. Eu sou apaixonada por música.

 

Embora eu goste mesmo de verdade só da música clássica, eu não entendo nada de teoria musical. E escuto tudo que existe… até Wando e pancadão do funk. Quando eu tiver um carro, vou escutar Vivaldi e Tchaikovsky no mesmo volume que o povo por aí escuta pagode. Só pra contrariar.

 

Eu não sei me controlar pra muita coisa, e mesmo assim, quem olha de fora acha que eu sou travada demais. Eu deixei de fazer loucuras depois que virei mãe. Mas sinto enorme falta disso. Eu tenho um mundo inteiro meu, dentro de mim. E quase nunca saio dele. Quando saio, me sinto deslocada na vida real.

 

Eu sou uma versão unlimited version do bicho-homem que Deus criou. E frequentemente penso que talvez seria melhor não ter nascido. Até hoje, em quase 30 anos de existência eu só quis morrer de verdade uma única vez. E foi por causa de homem sim. Aliás, eu fiquei doente de amor uma vez. Mas acho mesmo que quase morri foi de abandono. E não, eu não sei lidar com frustrações.

 

Sou incapaz de negar ajuda a quem quer que seja, algumas pessoas sabem disso, abusam de mim e mesmo eu tendo consciência disso tudo, continuo ajudando. Eu sinto em mim uma grande inteligência e um infinto mundo de possibilidades, mas tenho vergonha de demonstrar isso.

 

Eu me considero uma pessoa muito sozinha. Tenho uma natureza solitária, mas concordo com o Milton Nascimento quando ele diz que “o solitário não quer solidão”. Eu sei de tudo o que posso fazer e de minhas qualidades e defeitos, mas mesmo assim é a visão que o outro tem sobre mim que determina meu grau de felicidade nos momentos da vida.

 

Eu não acredito muito nas pessoas, mas vou com elas mesmo assim. Eu tenho uma tendência à doação exagerada quando gosto de alguém e foi por isso que eu prometi que nunca mais ia amar alguém. E desde então eu afasto de mim toda e qualquer possibilidade de relacionamento. As vezes eu acho que as pessoas tem medo de mim. Sei lá porquê, “no fundo, no fundo” eu sou uma pessoa doce que só quer ser amada e se sentir benquista.

 

E, agora que vocês sabem de tudo isso, por favor, gostem de mim…rs

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