Eu sinto muito dela…. a energia da vida… no cheiro do sol, no balançar calmo das folhas em suas árvores e no vento. Ela pulsa, uma energia subcutânea, não faz questão de se mostrar. Ela não está, ela é! Subcutaneamente ela vibra, altera e concretiza. E imersos na nossa pequenez, na mesquinharia do cotidiano banal deixamos de perceber, de participar desses momentos.
Hoje é sexta feira, fechamento da semana. Dia normal, levei a filha no pediatra, recolhi as roupas do varal, olhei ao redor, a mesma casa, os mesmos problemas, as mesmas frustrações, apenas mais do mesmo… fiquei triste. E daí sentei aqui, tentando finalizar um relatório de visita pro curso de design de interiores, falta algo… preciso de uma musiquinha pra acompanhar.
Automaticamente uma música clássica, o compositor é novo, conheci esta semana numa conversa casual de MSN. E a música começa… os batimentos do coração imediatamente alterados, atenta, tensa, arrepiada… ela me provoca, me envolve, me questiona.
Através dela eu escuto: “Reage! Levanta! Sente a vida! VAMOS!!!”… Como alguém que te pega pelos ombros e sacode. A música me põe em contato íntimo com essa energia que vem da terra, com a energia que segue adiante, que destrói junto com as águas nas cheias e que anima o corpo dos que ficam e reconstroem o que sobrou.
E nela mergulho, o cotidiano banal desaparece frente a magnitude dos sentimentos, dos sentidos, da beleza da vida, do mundo, do sol! E sou completamente preenchida pela energia do mundo! Arrepiada, extasiada e forte outra vez.
O humor não muda, as realidades da minha vida não mudam, mas algo por dentro de mim fica maior e mais forte, a minha vontade de que as coisas sejam diferentes só se concretiza mais e mais e a percepção da magnitude do todo se imprime em cada pensamento meu. E a vida segue.
E eu sigo também.
